Apesar da
correria de fim de ano, resolvi entrar na onda das retrospectivas. Como o blog
ficou quase abandonado durante o segundo semestre, nada mais justo do que tomar
o tempo e ceder espaço para dar o reconhecimento àqueles que me encantaram ao
longo do ano.
A Orquestra
Petrobras Sinfônica trabalhou pacas esse ano! Além das duas séries nobres no
Theatro Municipal, ela ainda produziu vários concertos gratuitos na série
Mestre Athayde, estreou espaços novos na Barra da Tijuca e também apresentou
seus alunos da Academia Juvenil. Dentre todas essas apresentações, o grande
concerto do ano da OPES para mim ocorreu no dia 09 de novembro com a
participação de Mischa Maisky tocando Shostakovich seguido da Sagração da
Primavera de Igor Stravinsky. Também merecem menção honrosa o concerto do dia
dos músicos (22 de novembro) com atuação inspirada da Cristina Braga na harpa,
o concerto para violino e oboé de Bach com os irmãos Prazeres (Felipe e Carlos)
como solistas e a Sinfonia no. 7 de Beethoven na Cidade das Artes. Ano que vem tem mais e como fui uma boa
menina, já ganhei do Papai Noel as assinaturas de 2014.
Continuo não
assistindo aos concertos da OSB porque o regente titular me irrita
profundamente. Esse ano, contudo, abri uma exceção para não perder a passagem
do Antonio Menezes pela cidade tocando Elgar. Valeu a pena, o concerto foi
ótimo e ainda ganhei um Bach de brinde no bis que me fez chorar feito criança. Quanto
à OSB Ópera e Repertório, não consegui acompanhar tanto quanto eu gostaria mas
mesmo sendo um pouco menos assídua, destaco alguns concertos realmente
memoráveis incluindo o concerto duplo de Bach com Priscila Rato e Marco Catto
nos violinos solos (membros da própria orquestra), o réquiem de Mozart no
Teatro Bradesco e o “Sonho de uma noite de verão” do Benjamin Britten.
Na Escola de
Música da UFRJ, a ORSEM anda colocando as manguinhas de fora e recomendo, a
quem interessar possa, ficar de olho nesse grupo que reúne ótimos profissionais
em umas das melhores instituições de ensino de música do país (eu sou filha da
Minerva então morro de orgulho). O concerto para violino do Tchaikovsky, com solo
de Priscila Rato (olha ela aí de novo!) foi definitivamente um dos pontos altos
do repertório deste ano.
A principal
orquestra de ópera e balé da cidade, a Orquestra Sinfônica do Theatro
Municipal, teve um ano bem movimentado fora do palco e conseguiu tirar do papel
o concurso público para completar as suas estantes. A gente fica na torcida
para que isso permita que os corpos artísticos trabalhem com mais tranquilidade
em 2014 e que o repertório reflita a competência desses artistas. Porém, mesmo
temporadas fracas têm suas pérolas. Fiquei emocionada de assistir o “Encouraçado
Potemkin” na telona com a trilha ao vivo. Descobri que esse era um dos filmes
prediletos do meu avô e o impacto da cena da escadaria foi indescritível. Mas
foi o “Carmina Burana”, reunindo talentos da orquestra, do coro e do balé, que
mais me agradou este ano. A composição é maravilhosa, a execução foi emocionante
e a coreografia irretocável. Quero mais disso em 2014!
Ainda nas
orquestras, algumas estrangeiras estiveram por aqui, confirmando por que são
consideradas as melhores do mundo. Concertgebouw, eu te amo! Volte logo! Volte
sempre! Agora, o melhor presente de todos quem deu foi a Orquestra Filarmônica de
Israel. Ela já é aquele arraso, Zubin Mehta com toda a sua elegância empunhando
a batuta, eu com sorriso de orelha a orelha e aí, quem é que sobe no palco sem
anúncio prévio? Pinchas Zuckerman! Quase morri de emoção! Ai ai... Choro só de
lembrar.
Mas quem foi
que disse que só de orquestras vive a música erudita? Alguns dos melhores
concertos do ano foram de música de câmara incluindo, é claro, o Quarteto
Borodin e o violinista Joshua Bell que tocou ao lado do pianista Alessio Bax
uma sonata Kreutzer cujo adjetivo correto ainda não foi inventado. Dentre
nossos grupos tupiniquins, vou continuar de chefe de torcida dos meus favoritos
de sempre. O Quarteto A Priori teve uma estreia iluminada e já tá dando o que
falar. Deixo aqui registrado que foi o Andante cantabile mais tocante que eu já
ouvi e olha que essa peça não é pouco tocada! Elevando padrões, é assim que a
gente gosta! Já o Art Metal Quinteto resolveu fazer história, literalmente. Em
um esforço único de resgate cultural, adaptação de partitura e execução
impecável, esse grupo trouxe de volta à vida a obra de Henrique Alves de
Mesquita, um importante compositor do Brasil Império (quem quiser ouvir, já tem
o CD). Ano que vem parece que sai a biografia do moço. Estou no aguardo da
minha cópia autografada! Outro CD “Bem
Brasileiro” lançado esse ano foi o do Duo Santoro. Esse eu não assisti ao vivo
ainda, mas tive o prazer de receber um exemplar direto na minha casa e a
gravação está deliciosa e aconchegante. E para não perder o hábito, o Trio UFRJ
novamente se destacou em um concerto onde ele virou um quarteto com a viola
encantada de Dhyan Toffolo. Se puder achar mais repertório para essa formação,
eu apoio!
Como podem ver,
2013 foi um ano bastante produtivo, emocionante e até surpreendente no mundo
dos clássicos. Agora é o momento de ano
que os músicos entram de férias e eu em depressão. Um ótimo início de ano para
todos e até breve em uma sala de concertos pela Cidade Maravilhosa.