Subiu a cortina

Caro leitor,

Seja bem vindo ao mundo das cordas, madeiras e metais. Aqui você encontrará minhas impressões sobre diversos concertos de música erudita realizados na cidade do Rio de Janeiro. Também compartilhará dos meus devaneios sobre o mundo dos clássicos e algumas dicas de programas, filmes e discos. Só peço a cortesia de fazerem silêncio durante o concerto (e nada de ficar desembrulhando balinhas). Obrigada!

domingo, 23 de março de 2014

Abertura da temporada

Declaro aberta a temporada 2014 de música de concerto no Rio de Janeiro! Ou melhor, declaro a minha felicidade e satisfação ao testemunhar o retorno das grandes orquestras do Rio ao palco do Theatro Municipal.

Foi com grande penar que faltei à estréia da OSTM no dia 14 de março com uma interpretação da Nona Sinfonia de Beethoven que foi considerada uma verdadeira obra de arte. Creio que a maior prova que a performance dos músicos e cantores do coro do Theatro foi memorável é o contento dos próprios artistas que costumam ser eles mesmos seus mais severos críticos. Até o maestro recebeu elogios então o negócio deve ter sido realmente muito bom.

Já a estréia da OPES, eu pude assistir com meus próprios ouvidos a um programa delicioso onde constava a Bachiana no.9 do Villa-Lobos, o Concerto para piano no. 1 e a Sinfonia no. 5 do Tchaikovsky. Sinto dizer que nosso querido Villa ficou ofuscado pelo brilho do russo mas a noite foi marcada por interpretações brilhantes! O pianista convidado Saleem Ashkar impressionou pela clareza, a delicadeza e o sentimento que transmitia a cada nota que produziu (e olha que foram milhares). Espero que ele volte logo para tocar o Beethoven que ele acaba de gravar (fica a dica). A orquestra respondeu à altura com o seu time de titulares absolutos do jeitinho que a gente gosta.

Eu não costumo citar nomes de integrantes da orquestra porque acho uma injustiça mas desta vez vou abrir uma exceção. O segundo movimento da sinfonia me levou às nuvens com a contribuição de solos de um quinteto dos sonhos, o meu "Dream Team" dos sopros: Philip Doyle (trompa), Carlos Prazeres (oboé), Marcelo Bomfim (flauta), Elione Medeiros (fagote) e Cristiano Alves (clarineta). Foi um prazer e um privilégio escutar a "conversa" desses craques numa prosa elegante, leve e sutil, daquelas que a gente suspende a respiração pra não correr o risco de atrapalhar.

Além das grandes produções do Theatro, merece registro os esforços de outros grupos que mantêm a cena musical do Rio de Janeiro viva e diversa, muitas vezes sem apoio ou divulgação suficientes. Nesta semana a Cia. Bachiana Brasileira encenou a lindíssima e melodiosa opera Cavalleria Rusticana de Mascagni. Os diretores souberam usar a criatividade no aproveitamento do espaço (bem restrito para orquestra e coro) e contaram com boas interpretações dos músicos da camerata (especialmente flauta, oboé, contrabaixo e primeiro violino) e dos cantores. O ponto alto foi a cena da missa da Páscoa onde o coro interpreta as preces do vilarejo. Emocionou! Bravi tutti!

Em tempo, estou aguardando ver como vai ficar essa junção das orquestras da FOSB para poder me programar... E vamos em frente 2014 pois tem mais coisa por vir!