Dentre tantas notícias negativas de orquestras em crise financeira, patrocínios escassos, mudanças duvidosas na Lei Rouanet e cortes orçamentários na cultura estadual, artistas e produtores estão se apropriando de novas ferramentas, atrativos e recursos para tirarem seus projetos do papel. Financiamento coletivo, auto-promoção, videos no youtube, concertos virtuais, comunicação interativa entre mídias, perfis em redes sociais são corriqueiros na música popular mas estão apenas começando a ganhar força entre as instituições, grupos e artistas que produzem e tocam música clássica no Brasil.
A seguir, algumas boas iniciativas que chamaram minha atenção nos últimos meses. Se o leitor souber de outras, por favor me avise!
O Trio Capitu é um trio de sopros (flauta, oboé e fagote) composto por mulheres extremamente dedicadas, caprichosas e inovadoras. Sofia Ceccato, Janaína Perotto e Débora Nascimento não pouparam esforços desde a feliz escolha do nome carregado de cultura brasileira, passando por fotos e videos bem produzidos, sempre com um repertório diversificado incluindo peças encomendadas e arranjos sob medida. Acompanho o projeto desde a sua origem em 2012, curto a página no Facebook, assisto aos vídeos que elas postam no Youtube, fui a concertos e acompanhei o sucesso da série de concertos didáticos patrocinados pela Funarte em 2014. Agora, o conjunto está promovendo um financiamento coletivo para produzirem o seu primeiro CD. Eu já dei meu apoio. Segue o link para quem quiser conhecer o projeto e dar uma contribuição: http://benfeitoria.com/triocapitu.
A Johann Sebastian Rio é uma orquestra de câmara que nasceu em novembro de 2014 de forma muito misteriosa espalhando a pergunta "o que está faltando no Rio de Janeiro?" pelas redes sociais. A resposta veio em forma de vídeo, deixando muita gente com água na boca pela versão ao vivo (e por vê-los tocando Bach, já que a estréia virtual foi com Vivaldi). O grupo que reúne alguns dos meus músicos prediletos (não vou citar nomes para não criar ciúmes, rssss...) tem tudo para dar certo na busca da inovação na relação com o público, na apresentação visual da música de concerto e na valorização dos indivíduos dentro do grupo. Enquanto não temos a chance de assistí-los em uma sala perto de casa, segue o link para o vídeo de estréia: https://www.youtube.com/watch?v=Ida0A2iKwF0. A produção prometeu uma surpresa para fevereiro e eu estou louca para saber o que é!
O Art Metal Quinteto não é nenhum debutante. Comemorou 20 anos de estrada em 2014 mas a inovação, o bom humor combativo e a criatividade, além de uma competência estonteante, são traços marcantes do grupo. O último CD do quinteto (disponível também pelo itunes, deezer, rdio e spotify) é resultado de um minucioso trabalho de pesquisa, adaptação e execução que trouxe de volta à vida a obra do Henrique Alves de Mesquita. Como se isso não fosse suficiente, o trompista Antonio J Augusto lançou a biografia desse compositor brasileiro do século XIX que complementa e contextualiza a música resgatada pelo conjunto. Será que sai também em formato de e-book? Enquanto isso, segue uma das minhas prediletas do repertório desses cinco artistas tocada ao vivo na Escola de Música da UFRJ: https://www.youtube.com/watch?v=ukY8w87uZro.
Ao que parece, a música erudita está aos poucos chegando no século XXI. Resta saber se o seu público vai acompanhar sem preconceitos. No que depender de mim, teremos antigos e novos seguidores "curtindo" cada concerto, post e link!
PS: Antes que me acusem de ser puxa-saco dos meus amigos, admito que é verdade! Afinal, eu acho meus amigos o máximo... Então venha ser meu amigo você também e me conte sobre os seus projetos inovadores.